Com objetivo de utilizar a tecnologia para apoiar adolescentes com depressão de uma forma mais interativa, o aluno Oberdan Alves do Centro de Informática (CIn) da UFPE desenvolveu o chatbot Beck. A ferramenta foi tema de sua dissertação de mestrado, defendida em julho deste ano no Centro, e tem como público-alvo jovens de 15 a 18 anos que tenham depressão ou que desejem evitá-la.
A ideia surgiu a partir do trabalho de pós-doutorado desenvolvido por sua orientadora, a professora do CIn-UFPE Flávia Barros, que teve como tema central Agentes Conversacionais Incorporados (Embodied Conversational Agents). Inspirado em um jogo da Inglaterra que auxilia profissionais da área de saúde mental no tratamento de jovens com ansiedade e baixo nível de humor, Oberdan decidiu desenvolver a Beck, um chatbot feminino disponível completamente em português. É possível conversar com Beck em qualquer navegador web, mas é recomendado o uso no Google Chrome, onde a comunicação através de voz também é disponível.
Para desenvolver a ferramenta, Oberdan e Flávia inicialmente realizaram pesquisas sobre a Terapia Cognitivo-Comportamental, para um maior embasamento na criação das falas do chatbot. “O principal objetivo dos diálogos elaborados para Beck é mostrar para o adolescente que os pensamentos que eles têm podem afetar as suas emoções e os seus comportamentos (conceito principal da TCC)”, explicou Oberdan.
Outro cuidado no desenvolvimento foi o uso de uma linguagem adequada ao público-alvo, para promover maior interatividade e eficácia à conversa. Após a elaboração dos diálogos, foi iniciado o desenvolvimento do projeto em si, realizado em ChatScript, uma linguagem de desenvolvimento de chatbots bastante premiada.
Segundo Oberdan, Beck já foi avaliada através de um teste de conversação e de um questionário, aplicado ao final do teste, com 32 adolescentes de 15 a 18 anos de idade. Segundo os resultados da pesquisa, o índice de satisfação com o chatbot foi de 85,9%. Já em relação a sua utilidade, 92,1% dos usuários concordaram que a conversa com Beck havia sido útil para eles.
Como o chatbot foi desenvolvido em seu mestrado, Oberdan comenta que não foi possível desenvolver uma base mais robusta de diálogos, pois o tempo de trabalho em um mestrado é limitado. Além disso, o acesso ao site deve ficar indisponível em breve, pois sua disponibilidade está associada ao tempo de pesquisa do mestrado. “No entanto, os diálogos implementados em Beck já são bastante interessantes para os adolescentes e, com certeza, eles poderão aprender muitas coisas úteis para a vida”, comentou Oberdan.
Atualização: O Beck agora está funcionando com sua versão original, onde o usuário precisa realizar um pequeno cadastro antes de iniciar a conversa. Dessa forma, quando sair do sistema, os dados da conversa não serão perdidos. É só informar o e-mail e a senha cadastrados que a conversa continuará de onde o usuário parou.
Projeto tem como objetivo facilitar dia a dia de estudantes
Outra pesquisa realizada no Centro de Informática (CIn) da UFPE também desenvolveu uma aplicação que facilita a interação homem-máquina através do uso de chatbots. O aluno do curso de Sistemas de Informação Victor Ferraz defendeu no último dia 10 de julho seu trabalho de conclusão de curso, onde apresentou algumas etapas de desenvolvimento de um chatbot para o CIn-UFPE. O estudante foi orientado pelo professor do Centro Vinicius Cardoso Garcia.
Aplicando conceitos de Inteligência Artificial para aprimorar a plataforma iniciada por Jorge Linhares, também aluno de Sistemas de Informação, Victor abordou em seu trabalho conceitos envolvidos na criação de um chatbot, como o processamento de uma linguagem natural para a ferramenta e o Aprendizado de Máquinas. A ideia é tornar mais prático o dia a dia dos alunos através de uma ferramenta que pode informar sala e horário de aulas, notícias e outras informações sobre a infraestrutura do Centro. Para trabalhos futuros, o aluno pretende implementar técnicas de deep learning e de Natural Language Understanding para melhorar o processamento do chatbot. Além disso, a ideia é integrar a ferramenta ao Telegram, Slack ou Facebook Messenger.
Mais informações sobre o trabalho podem ser conferidas no link: https://goo.gl/4z8czD
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