A música, como qualquer prática cultural e humana, tende a acompanhar as mudanças culturais da sociedade. Sendo considerada por muitos como a arte a ser consumida mais diretamente, o MusTIC, grupo de pesquisa e inovação em Música, Tecnologia, Interatividade e Criatividade, nascido no Centro de Informática (CIn) da UFPE em meados de 2011, acredita que é possível atingir o público ainda mais. A ideia é transgredir os meios de se expressar musicalmente na comunidade pernambucana com novas tecnologias, como sensores que convertem movimento corporal em som.
 
O grupo começou como uma parceria entre o professor do CIn, Geber Ramalho, e Giordano Cabral, ex-aluno do Centro e fundador da D’Accord Music Software, empresa independente de softwares e games que auxiliam na educação musical, e alunos da área de computação musical. O grupo expandiu-se e abrigou professores e alunos da UFRPE e de Música, do Centro de Artes e Comunicação (CAC-UFPE), com o objetivo inicial de integrar tecnologia, computação musical e jogos.
 
Produzindo sinergia entre as áreas, o projeto cresceu e também firmou parceria com o músico, ator e dançarino pernambucano Helder Vasconcelos. O artista pretende, ainda este ano, realizar espetáculo se utilizando dos artifícios que vem desenvolvendo com o MusTIC, como instrumentos musicais digitais que, através de estratégias de mapeamento do corpo, podem ser usadas tanto pelos programadores quanto pelos artistas. Na prática, esses instrumentos são parâmetros de síntese e processamento sonoro sendo controlados a partir dos movimentos do músico, dos quais são captados por sensores que medem fatores como pressão e aceleração. Um dos membros do grupo, Filipe Calegario, mestre em computação musical, fala do modo de operação colaborativo do MusTIC, no qual artistas e programadores participam ativamente na ideia da composição final.
 
Filipe comenta também da parceria com o artista italiano, pesquisador e professor da Ecole de Musique (EMA), Armando Mennicaci. “Armando é um ponto fora da curva, ele tem ampla experiência na relação das artes com as novas mídias. Embora seu viés seja mais abrangente artisticamente – enquanto o grupo está focado na música – o primeiro impulso é sempre igual”. Armando ministrou oficina em fevereiro sobre o software Isadora, cujo ambiente de programação gráfica permite manipular e interagir com áudio e vídeo em tempo real. “É um software muito poderoso do ponto de vista artístico, porque facilita muito a vida do artista”.
 

O ponto principal que o MusTIC pretende chegar é de que não há como pensar na música sem tecnologia e que é preciso experimentar e adquirir conhecimento técnico sem, com isso, precisar criar uma estética. “Essa estética de música de computador fazendo música eletrônica é só uma primeira ligação que foi feita. Dá pra gerar qualquer tipo de música em termos de tecnologia, como música popular brasileira – que é o que queremos fazer”, diz Filipe.  A experimentação, afinal, parece ser o caminho para romper certos limites da expressão musical. “É preciso quebrar um pouco a ideia de que instrumento é violão ou violino – que um dia foram desenvolvidos a partir da experimentação. Instrumento é algo que traduz gesto em som”.

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