Sair de um ambiente e esquecer ligado o condicionador de ar ou ligar/desligar o aparelho como estratégia para manter a temperatura ambiente desejada. Quem nunca fez isso? Embora pareçam casuais e inofensivos, esses hábitos são alguns dos responsáveis pelo desperdício de energia elétrica que, no Brasil, segundo a Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia (Abesco), provocou, nos últimos três anos, o prejuízo de R$ 61,7 bilhões ao país, sendo que, de toda energia produzida, quase 22% são consumidas pelo setor de serviços (comercial e público), com o detalhe de que os sistemas de climatização nesses segmentos podem chegar a representar 30% do consumo.
A partir dessa realidade e com o propósito de pôr em prática o que já conhecia na teoria, o técnico em refrigeração e ar condicionado Clécio Costa desenvolveu “Um estudo sobre adaptações para redução do consumo de energia elétrica em sistemas de ar condicionado”, que foi defendido como dissertação de conclusão do Mestrado Profissional em Computação da UFPE, sob orientação do professor Carlos Ferraz. Como servidor que atua no Centro de Informática (CIn), foi lá mesmo que Clécio identificou uma oportunidade de desenvolver uma estratégia de controle que proporcionasse melhor eficiência energética dos condicionadores de ar em operação no CIn e menores desperdícios de energia causados por hábitos incorretos dos usuários. O ambiente escolhido para teste foi a sala de aula D218, climatizada por dois splits de 22.000 BTUs.
Valendo-se de uma plataforma de prototipagem eletrônica de uso livre, a Arduino, o autor do estudo partiu da coleta de informações do funcionamento dos equipamentos de condicionadores de ar para analisar dados e melhor parametrizar as máquinas a fim de racionalizar sua atividade. Uma vez identificados os erros de funcionamento e de uso, que levavam a grande desperdício de energia elétrica, ele projetou uma nova placa de controle cujos ajustes se basearam nas análises das informações coletadas.
USUÁRIOS | A análise dos dados obtidos a partir de um dispositivo acoplado aos splits, segundo Clécio Costa, permitiu inferir sobre o comportamento dos usuários e identificar problemas associados ao uso de condicionadores de ar, o que se tornou fundamental para definir os parâmetros de operação necessários para ajuste do sistema de controle. Com as informações, soube-se, por exemplo, se a máquina estava ficando ligada fora do horário de expediente, tornando possível, ainda, verificar erros no ajuste de temperatura. “A adequação foi feita para atender às necessidades dos usuários, sem infringir as faixas de temperatura de conforto térmico admitidas por norma, além de identificar a presença de pessoas e controlar automaticamente os instantes de partida e parada das unidades condensadoras e evaporadoras, controlando, consequentemente, a temperatura do ambiente”, afirma o autor.
Com a automatização do funcionamento do sistema de climatização, foi possível, portanto, se obter um ganho socioeconômico, fornecendo as condições de conforto térmico desejadas com um menor consumo energético. A redução do consumo de energia – de 39% – se deu pela redução do tempo de funcionamento da unidade condensadora devido ao novo modo de operação implantado no sistema de controle dos equipamentos, uma vez que o compressor presente na unidade condensadora é o responsável pela maior parte do consumo de energia elétrica do sistema de climatização. “A validação deste trabalho foi feita através da aplicação do sistema desenvolvido, por um período de seis meses; complementada pela realização de uma pesquisa de satisfação feita com os usuários”, esclarece Clécio.
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