Os projetos já apresentam resultados promissores no mercado financeiro e na área de saúde
Estudantes da graduação em Sistemas de Informação do Centro de Informática (CIn) da UFPE desenvolvem produtos inovadores na disciplina de Transformação Digital com IA: Utilizando Modelos de Linguagem no Ambiente de Negócios, ministrada pelo professor Vinicius Garcia. O projeto “Mitrio”, que auxilia pequenos e médios empreendedores, é uma criação dos estudantes Ismael Benjamin e Tiago Bello durante o semestre de 2024.2. Já o projeto “Predição Automatizada da Maturidade Óssea com IA” é um desenvolvimento de Bernardo Melo, realizado no semestre de 2025.1.
A disciplina de Transformação Digital com IA tem como objetivo usar modelos de inteligências artificiais, como o ChatGPT ou Gemini, no contexto de negócios, de forma estratégica e responsável. “Os alunos compreendem como os sistemas de IA podem ser usados para resolver problemas de negócios reais, com uma ênfase particular em casos de uso como otimização de processos, atendimento ao cliente e análise de dados”, explica o Prof. Vinicius Garcia. “Com a disciplina, os estudantes podem desenvolver habilidades técnicas e analíticas, como o pensamento crítico, resolução de problemas, consciência ética e social, inovação, criatividade, colaboração interdisciplinar e capacidade de adaptação”, enfatiza.
Mitrio – Atendimento eficiente para pequenos e médios empreendedores
Mitrio é uma solução de inteligência artificial desenvolvida para automatizar o atendimento ao cliente de pequenos e médios empreendedores. A ferramenta permite que seja oferecido um atendimento eficiente, personalizado e escalável, melhorando a experiência do cliente e otimizando as operações da empresa. Além disso, a plataforma busca ser intuitiva e de fácil manuseio, sem exigir conhecimento técnico do cliente. O projeto já foi para o mercado e tem recebido retorno positivo.
“Estudando o tema de agentes autônomos em interface humano-computador (IHC) na universidade, pensamos em como seria possível facilitar a integração desses agentes autônomos com a Inteligência Artificial. E, utilizando as interfaces fornecidas na cadeira de Transformação Digital, modelamos um projeto que pudesse satisfazer essas necessidades”, explica o estudante Tiago Bello.
Um agente IHC é qualquer interface que entenda o ambiente e interaja com o usuário de forma pré-disposta, de acordo com o que for estruturado para ela. Elas são comuns ao acessar serviços de compra ou de saúde. “Já criamos um ‘bot’ que marcava horários para os clientes de um barbeiro, por exemplo”, detalham. Alguns agentes também podem ser programados para responder dúvidas, ou apresentar a melhor opção de compra para o usuário.
No entanto, agentes tradicionais podem apresentar falhas na resposta e não promover o suporte necessário, pois o banco de dados é limitado, além de apresentarem uma comunicação ineficiente e que causa estranheza no consumidor. Com o uso da Inteligência Artificial, o atendimento se torna personalizado e as informações mais confiáveis, além de ser uma proposta rentável para pequenos e médios empreendedores.
Eles complementam que cadeiras como a de Transformação Digital com IA são muito importantes para a formação profissional dos estudantes. “Com projetos e metodologias como essa, nós da academia conseguimos ter um contato real com o mercado e ter uma compreensão melhor de como as coisas funcionam na prática”, afirmam.
Os estudantes continuam trabalhando para expandir o Mitrio. “A perspectiva pro futuro agora é escalonar ao nível de conseguirmos atender clientes de diferentes setores, porque hoje estamos em um nicho, que é o mercado financeiro. Queremos expandir isso e continuar com a capacidade de focar no empreendedor que está iniciando agora, empresas de pequeno e médio porte”, afirma o estudante Ismael Benjamin.
Predição de Maturidade Óssea – IA otimizando o diagnóstico infantil
O projeto Predição Automatizada da Maturidade Óssea com IA busca automatizar a predição da maturidade óssea infantil a partir de radiografias de mão. Para isso utiliza aprendizado profundo (deep learning), subcampo da Inteligência Artificial, com mecanismos de atenção. A maturidade óssea é uma ferramenta diagnóstica usada para avaliar suspeitas de problemas no crescimento e puberdade.
“A ideia, com essa predição automatizada, é agilizar processos que antes duravam uma semana, para dois ou três dias. O resultado final seria validado por um profissional. Isso, no cenário do SUS, por exemplo, que tem uma demanda tão grande, auxiliaria muito nos diagnósticos. E diminuindo uma fila dessas e tudo mais, poder realocar recursos para outras áreas da saúde”, explica Bernardo.
Ele compartilha que a ideia surgiu ao ouvir uma profissional de saúde relatando que esse era um dos processos mais demorados no laboratório, já que é um exame feito muitas vezes num dia e havia poucos médicos para analisar. “E foi aí que surgiu a ideia. Já era um problema real e validado pelo cliente, só restava entender como construir algo novo em cima”.
Bernardo acrescenta que, para conseguir colocar as ideias em prática, é sempre importante mostrar confiança de que o objetivo pode ser atingido. “É importante fazer uma amostra e apresentar aspectos essenciais como a metodologia, benefícios e resultados”. O estudante já está fechando parceria com um laboratório. O objetivo agora, é aprimorar o protótipo criado na cadeira de Transformação Digital com IA e conseguir resultados concretos.
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