Dias 20 e 21 de maio, o UM Coletivo, em parceria com o MusTIC, grupo de pesquisa do Centro de Informática (CIn) da UFPE, apresenta o espetáculo “3 catástrofes sobre o prazer” no Teatro Hermilo Borba Filho, experimentação processual de pesquisa conjunta. São quatro solos de dança e performance atravessados por relações técnicas e tecnológicas, que abordam o prazer em algum recorte de sua abrangência. A entrada é gratuita e os ingressos serão distribuídos uma hora antes do início de cada sessão.
Cada um dos solos, que se unificam pela temática e pela discussão relacional de tecnologia e artes, evidencia as pequenas catástrofes e acidentes que compõem a busca por prazer, bem como a permanência em seu estado – nunca pleno – e a queda que procede a euforia. Assim, colocando a tecnologia em cena como meio de trocar afetos sobre o prazer, que sempre negocia o corpo como matéria e construto, os performers questionam aquilo que nos punge por meio da materialidade e da virtualidade. Os solos foram criados e interpretados por Daniel de Andrade Lima, Heitor Dutra, Luiza Lira e Sofia Galvão, ex-aluna do CIn-UFPE.
O trabalho é resultado da junção de integrantes do UM Coletivo com o MusTIC CIn-UFPE, por meio da pesquisa de doutorado do aluno do Centro Ricardo Scholz, que investiga formas de promover o uso de dispositivos de captura de movimento nas artes de cena e aproximar artistas e programadores. A direção musical de todos os solos é assinada por Iuri Brainer, que acompanhou todo o processo e participa do UM Coletivo desde sua fundação, integrando as pesquisas relacionais entre som e corpo e dança e música.
Grupo de pesquisa
O MusTIC (Música, Tecnologia, Interatividade e Criatividade) é um grupo de pesquisa em tecnologia e design do CIn-UFPE. Participam do grupo os docentes do Centro Geber Ramalho e Giordano Cabral. O grupo é voltado para a geração de produtos e experiências que tenham impacto real na educação, nas artes e no entretenimento. Em particular, o MusTIC vem trabalhando com técnicas, métodos e conceitos de computação física, design de interação e processamento de sinais, visando a construção de novas interfaces para expressão artística, o desenvolvimento de ferramentas para rápida prototipação e a melhoria da educação por meio de robótica e gamificação, entre outros.
UM Coletivo – Composto por artistas das mais diversas formações, o UM Coletivo é um grupo recifense fundado em 2014, com o intuito de investigar as relações em criação conjunta entre dança e música, buscando unir diversas linguagens artísticas num processo contínuo de pesquisa e criação. Entre os espetáculos/intervenções produzidos pelo grupo estão “Concerto para corpos variáveis” (2014), “Estou Farto de Semideuses” (2016), “Calor” (2016) e “Onze” (2017). No presente espetáculo, participam cinco integrantes do coletivo.
Os solos – informações disponibilizadas pela equipe do espetáculo
Miocárdio, o primeiro dos quatro solos do espetáculo, é interpretado e criado por Sofia Galvão, performer, dançarina, atriz, educadora e engenheira da computação, ex-aluna de mestrado e graduação do CIn-UFPE. Motivada em sua trajetória a trabalhar prioritariamente com hardwares, Sofia cria tensões entre as tecnologias high e low-tech, colocando em cheque o que é comumente entendido como tecnológico. A partir de manipulação de luz, de velas a luminárias que respondem ao movimento da performer, a tecnologia ressurge em Miocárdio como a reinvenção do velho e a possibilidade de gerar sensações através da magia, enquanto os campos simbólicos do feminino e do prazer dão a tônica do discurso político-afetivo abordado pelo solo, que atravessa a sedução, o discurso científico, o ritual e a autorreflexão sobre o corpo. A cenografia do trabalho foi desenvolvida junto ao artista e arquiteto André Moraes.
Heitor Dutra, artista plástico e performer/dançarino com formação em cinema na UFPE, desenvolveu para o espetáculo o solo Bim Bom. No trabalho, ele trata do peso das imagens na vida dos indivíduos, a partir do desenvolvimento de um dançar do desgaste físico e da repetição. Nesta ideia, é constituído um cenário composto por projeções de imagens pornográficas de sexo gay, que se modificam e interagem espacialmente a partir dos movimentos do performer, constituindo um ambiente que é, ao mesmo tempo, opressivo e atraente. O solo carrega ainda uma forte reflexão sobre a vivência do homossexual jovem no século XXI, perpassando questões sobre afeto, solidão e a identidade estigmatizada pelo sexo e pela prática sexual. A iluminação do solo é criada por Dara Duarte.
Luiza Lira, performer/dançarina, fotógrafa e artista visual, desenvolveu o solo provisoriamente chamado de Projeto Melancia a partir da investigação sobre as tensões e conflitos entre esforço-peso e gozo-leveza. Utilizando um sistema de respostas ao dispositivo de captura de movimentos, a performer leva ao palco uma melancia – fruta que compõe o paradoxo entre a dureza e a suculência, o desagradável e o palatável – com a qual estabelece um duo, tentando redescobrí-la enquanto objeto, corpo, forma e alimento. Com suas experimentações corporais e tecnológicas, Luiza aborda aquilo que carregamos conosco e que, por carregarmos, nos molda, experimenta, toca e move.
O quarto e último solo do espetáculo foi desenvolvido por Daniel de Andrade Lima, dançarino, performer e mestrando em Comunicação Social pela UFPE. Em Solo sem título – 2017, Daniel traz à cena respostas visuais geradas a partir de um dispositivo de captura de movimentos que funciona de duas formas: por meio de um mapeamento de silhueta do corpo do performer, que espelha seus movimentos a partir da simulação de um esqueleto; e por meio de um sistema de partículas de luz que interage com o performer e o espaço com comportamentos diversos, criando um pequeno universo artificial. Neste ambiente, ao brincar com estereótipos de dança, remeter a atitudes cotidianas, explorar o sexo e suas possibilidades – enfatizando as repetições de cada vivência – e interagir com um dispositivo tecnológico que ora chama atenção para o corpo – falhando a cada tentativa de emular o movimento humano – ora compõe um universo abstrato – que remete virtualmente às estrelas, ao caos e ao comportamento do universo – o performer cria tensões entre o humano e o pós-humano, um sujeito que só é cognoscível a partir de sua parte ciborgue, das técnicas que construiu e das tecnologias que o mediam com as coisas do mundo; como encontrar prazer num corpo que está constantemente se voltando contra si mesmo? A iluminação do trabalho foi desenvolvida por Dara Duarte.
SERVIÇO
3 catástrofes sobre o prazer
Teatro Hermilo Borba Filho
Rua do Apolo, 121, Bairro do Recife – Recife
Quando: 20 de maio, às 20h | 21 de maio, às 19h
Quanto: Gratuito
Classificação indicativa: 18 anos
Mais informações: 3355-3320
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