Artigo publicado no Diário de Pernambuco, na coluna de opinião do domingo (25), por Edson de Barros Carvalho e Paulo Cunha, professores do CIn-UFPE.

O setor de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) de Pernambuco tem recebido investimentos por parte das três esferas governamentais nos últimos 15 anos. A economia de TIC é percebida pela sociedade pernambucana como estando no estágio estruturado e sendo uma alternativa de crescimento diferenciado para Pernambuco na área de serviços tecnológicos.

A história da economia de TIC de Pernambuco surge da concentração de pessoal altamente qualificado no Centro de Informática (CIn) da Universidade Federal de Pernambuco a partir dos anos 80, quando os professores começaram a retornar dos seus doutorados no exterior. Esta é uma história de sucesso onde a universidade participa ativamente do processo de planejamento, fomento e criação de um setor da economia local.

Os empresários de TIC de Pernambuco estão fazendo o dever de casa para conquistar o mercado local e regional de software. Eles também procuram se conscientizar da necessidade de comercializar seus produtos e serviços em outras praças no Brasil e no exterior. Contudo, o número de iniciativas de comercialização das empresas pernambucanas fora do nosso Estado se apresenta pequeno, e no cenário internacional é praticamente inexistente.

Durante a recente missão da Fecomércio-PE à Angola e África do Sul foi possível identificar diversas oportunidades de negócios relacionadas com TIC naqueles países. Em Angola, considerando o momento de reconstrução do país, as identidades culturais com o Brasil e Portugal, a riqueza gerada pelo petróleo e, acima de tudo, o uso comum da língua portuguesa com estes países, o setor de informática é dominado quase totalmente por empresas brasileiras e portuguesas. Nas visitas às empresas públicas e privadas, associações de classe e universidades, verificou-se a necessidade de um programa intensivo de formação de recursos em todos os níveis nesta área.

Na África do Sul, a realidade do setor de TIC é diferente: são os norte-americanos, europeus e, em especial, os ingleses que dominam o mercado. Atualmente, observa-se o surgimento de empresas de base tecnológica sul-africanas de TIC induzidas, principalmente, pela iniciativa de criação de parques tecnológicos como o Innovation Hub em Pretória e pelas incubadoras ligadas às boas universidades da África do Sul. A possível interação da experiência do Porto Digital em Pernambuco com este pólo tecnológico sul-africano poderia contribuir para o amadurecimento bi-lateral destes arranjos produtivos, trazendo benefícios econômicos importantes para ambos os países. Notou-se também a necessidade imediata de formação de recursos humanos em nível de doutorado na África do Sul.

Convencidos da importância de que se reveste as ações de internacionalização de TIC em Pernambuco, o CIn se compromete, trabalhando com os outros parceiros do setor em contribuir para a superação deste desafio e planeja empreender ações no ensino, pesquisa e cooperação voltadas para fortalecer este importante segmento da economia pernambucana.

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